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Sejamos Alegres
Denuncio nossa fraqueza, denuncio o horror alucinante de morrer — e respondo a toda essa infâmia com — exatamente isto que vai agora ficar escrito — e respondo a toda essa infâmia com a alegria. Puríssima e levíssima alegria. A minha única salvação é a alegria. Uma alegria atonal dentro do it essencial. Não faz sentido? Pois tem que fazer. Porque é cruel demais saber que a vida é única e que não temos como garantia senão a fé em trevas — porque é cruel demais, então respondo com a pureza de uma alegria indomável. Recuso-me a ficar triste. Sejamos alegres. Quem não tiver medo de ficar alegre e experimentar uma só vez sequer a alegria doida e profunda terá o melhor de nossa verdade. Eu estou — apesar de tudo oh apesar de tudo — estou sendo alegre neste instante-já que passa se eu não fixá-lo com palavras. Estou sendo alegre neste mesmo instante porque me recuso a ser vencida: então eu amo. Como resposta. Amor impessoal, amor it, é alegria: mesmo o amor que não dá certo, mesmo o amor que termina. E a minha própria morte e a dos que amamos tem que ser alegre, não sei ainda como, mas tem que ser. Viver é isto: a alegria do it. E conformar-me não como vencida mas num allegro com brio.
Da obra Água Viva
Cecília Meireles
Canção do Amor-Perfeito
Eu vi o raio de sol
beijar o outono.
Eu vi na mão dos adeuses
o anel de ouro.
Não quero dizer o dia.
Não posso dizer o dono.
Eu vi bandeiras abertas
sobre o mar largo
e ouvi cantar as sereias.
Longe, num barco,
deixei meus olhos alegres,
trouxe meu sorriso amargo.
Bem no regaço da lua,
já não padeço.
Ai, seja como quiseres,
Amor-Perfeito,
gostaria que ficasses,
mas, se fores, não te esqueço.
Da obra Retrato Natural
Personagem
Teu nome é quase indiferente
e nem teu rosto já me inquieta.
A arte de amar é exactamente
a de se ser poeta.
Para pensar em ti, me basta
o próprio amor que por ti sinto:
és a ideia, serena e casta,
nutrida do enigma do instinto.
O lugar da tua presença
é um deserto, entre variedades:
mas nesse deserto é que pensa
o olhar de todas as saudades.
Meus sonhos viajam rumos tristes
e, no seu profundo universo,
tu, sem forma e sem nome, existes,
silêncio , obscuro, disperso.
Teu corpo, e teu rosto, e teu nome,
teu coração, tua existência,
tudo - o espaço evita e consome:
e eu só conheço a tua ausência.
Eu só conheço o que não vejo.
E, nesse abismo do meu sonho,
alheia a todo outro desejo,
me decomponho e recomponho.
Cecília Meireles Da obra, Viagem
Muitas dúvidas e comentários surgem, quando escrevemos algo sobre
os Rubaiyt .
Uma obra que durante séculos sofreu inúmeras traduções e versões pessoais
por todo o mundo, inclusive a de Luiz Carlos Borges
No seguinte
Link http://en.wikipedia.org/wiki/Rubaiyat_of_Omar_Khayyam
podemos encontrar comentários e muitos esclarecimentos sobre esta
obra de rara beleza da poesia persa
Vive dentro de mim
uma cabocla velha
de mau-olhado,
acocorada ao pé do borralho,
olhando pra o fogo.
Benze quebranto.
Bota feitiço...
Ogum. Orixá.
Macumba, terreiro,
Ogã, pai-de-santo...
Vive dentro de mim
a lavadeira do Rio Vermelho.
Seu cheiro gostoso
d'água e sabão.
Rodilha de pano.
Trouxa de roupa,
pedra de anil.
Sua coroa verde de são-caetano.
Vive dentro de mim
a mulher cozinheira.
Pimenta e cebola.
Quitute bem feito.
Panela de barro.
Taipa de lenha.
Cozinha antiga
toda pretinha.
Bem recheada de picumã.
Pedra pontuda.
Cumbuco de coco.
Pisando alho-sal.
Vive dentro de mim
a mulher do povo.
Bem proletária.
Bem linguaruda,
desabusada, sem preconceitos,
de casca grossa,
de chinelinha,
e filharada.
Vive dentro de mim
a mulher roceira.
- Enxerto da terra,
meio casmurra.
Trabalhadeira.
Madrugadeira.
Analfabeta.
De pé no chão.
Bem parideira.
Bem criadeira.
Seus doze filhos,
Seus vinte netos.
Vive dentro de mim
a mulher da vida.
Minha irmãzinha...
tão desprezada,
tão murmurada...
Fingindo alegre seu triste fado.
Todas as vidas dentro de mim:
Na minha vida -
a vida mera das obscuras.
Havia um anjo sem asas no meu quarto.
Suas asas caíram numa queda e eu as guardei.
Pendurado na porta do armário, ele olhava
fixamente em direção à janela.
O que via este anjo? Olhava os passarinhos e deles sentia
inveja? Ouvia as andorinhas pousadas no parapeito
a descansar das revoadas em bando?
Não suportando sua angústia (ou minha?)
colei suas asas com superbonder. E perguntei:
e agora anjo?
Esperava um dia, tendo deixado a janela aberta,
me dar conta que o anjo ao ouvir o canto da sabiá,
e não podendo se conter tivesse se lançado ao céu.
E implorava:
Voe anjo,realize seu destino!
Há muito, muito tempo, as árvores e os animais eram capazes de falar uns com os outros. Viviam juntos e partilhavam muitas coisas. Mas todos os anos, quando o tempo frio vinha, os pássaros tinham de voar para sul, de onde regressavam apenas na Primavera quando a estação quente voltava. Certa vez, quando a estação fria se aproximava o Pardal feriu-se. Não tinha força suficiente para voar e a sua família teve de partir sem ele. Como estava ferido, tinha de arranjar um bom abrigo para passar o Inverno. Por isso decidiu pedir ajuda às árvores. Aproximou-se do Carvalho: "Oh Carvalho, estou ferido e não posso voar. A estação fria aproxima-se e se eu não encontrar refúgio antes, certamente não sobreviverei. Por favor, abriga-me entre as tuas folhas e galhos durante o tempo frio". Mas o Carvalho, um velho mal-humorado, não gostou da ideia de ter um hóspede durante o tempo frio, e respondeu-lhe: "Procura outro lugar. Não quero passar o Inverno contigo.”
O pobre Pardal, desconsolado, foi então ter com o Ácer e pediu: "Ácer, estou ferido e não posso voar para as terras quentes com a minha família. Por favor, abriga-me entre as tuas folhas e galhos durante o tempo frio, ou certamente morrerei.
O Ácer, apesar de ser uma árvore muito doce, não gostou da ideia de passar o Inverno com ele e também recusou ajudá-lo. Novamente se afastou o Pardal muito triste. Às outras árvores repetiu o seu pedido mas, uma a uma, todas recusaram. Olhando em volta, já só faltava pedir ao Pinheiro.
Sem esperança, mas não querendo desistir, dirigiu-se ao Pinheiro: "Pinheiro, estou ferido, e não posso voar para sul, para as terras quentes. Se não encontrar abrigo antes do tempo frio, vou certamente morrer... Por favor deixa-me abrigar entre as tuas folhas e ramos durante o tempo frio!"
O coração do Pinheiro ouviu o Pardal: "As minha folhas são minúsculas, meras agulhas… Não tenho tantos ramos como as outras árvores... mas o que tenho, de bom grado partilharei contigo". E assim, o Pardal passou o Inverno com o Pinheiro.
Quando regressou a Primavera, os pássaros voltaram. O Pardal, já curado, voou para cumprimentar a sua família.
O Criador, que assistira a tudo, convocou então um grande conselho de Árvores e disse-lhes: "Vós, a quem foi dado tanto... que tinham tanto… nada partilharam com o pobre Pardal. Por isso, a partir deste dia, quando o tempo estiver frio, as vossas folhas murcharão, morrerão e serão levadas pelo vento."
Depois virou-se para o Pinheiro: "Pinheiro, tu, que tinhas menos para oferecer, deste tanto e comoveste-me. Quando o frio chegar, as tuas folhas não cairão e permanecerão verdes em todas as estações do ano como reconhecimento pelo teu nobre gesto."
E é por isso que, até hoje, quando o tempo frio chega à terra, as folhas murcham, morrem e são sopradas pelo vento ... excepto as do pinheiro.
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